sábado, 12 de novembro de 2016

Meia distância, uma arma a explorar


O que têm em comum Rio Ave, AS Roma, Vitória de Guimarães, Copenhaga, Boavista e Brugge? Se responde "foram as equipas a quem o FC Porto conseguiu marcar com remates de fora da área", acertou. São seis golos de meia ou longa distância num total de 30 que os Dragões já conseguiram em 2016/2017 contando apenas jogos oficiais. Quem olha para estes números diria que não são maus, que 20% é uma média excelente, mas seria um erro olhar para os números sem pensar como aconteceram, especialmente neste caso. Por vezes os dados estatísticos podem ser muito enganadores, como, por exemplo, um "estudo" que circulava por aí na última semana onde se tentava demonstrar através de golos e assistências que Herrera é mais importante para o FC Porto do que foi João Moutinho. Assim sendo, o melhor é relembrar como é que esses seis golos de meia distância foram conseguidos e só depois tirar as devidas conclusões.

Vs. Rio Ave -  Remate forte e colocado de Herrera que não dá qualquer hipótese de defesa a Cássio.

Vs. AS Roma - Num lance rápido de contra-ataque Layún aproveita a saída disparatada de Szczęsńy para o contornar e rematar para uma baliza deserta. O erro do guarda-redes adversário deve-se em grande parte ao facto de a sua equipa estar a jogar com menos dois elementos que haviam sido expulsos ainda o jogo ia no minuto 50.

Vs. Vitória de Guimarães - Remate forte de Otávio no limite da grande-área que sofre um desvio em Óliver e trai Douglas.

Vs. Copenhaga - Otávio vê a oportunidade e atira em força e fora do alcance do guarda-redes adversário.

Vs. Boavista - Cruzamento de Alex Telles sai à figura de Agayev mas acaba por se transformar num frango monumental.

Vs. Brugge - Contra-ataque para o Azuis e Brancos, que por acaso até jogavam de amarelo, Layún encontra-se momentaneamente isolado mas ao ver que iria ser alcançado arrisca o remate. Grande golo do mexicano.

Erro do guarda-redes, desvio e frango contra Roma, Vitória de Guimarães e Boavista, respectivamente. Tudo golos que, em condições ditas normais não teriam acontecido e que reduziria para metade o números de golos que o FC Porto consegue em remates de longe para apenas três. E, assim de um momento para o outro, os números deixam de ser tão animadores.

Não era necessário recorrer à estatística para perceber que os jogadores portistas não estão a aproveitar devidamente a meia distância como meio para conseguir o golo. Quando o fazem ou é tarde demais, ou o remate sai fraco ou torto. Muitas vezes, até, fica a sensação que não arriscam esse tipo de jogada quando havia oportunidade. Isto deve-se em grande parte às características dos jogadores. Quem não se lembra de remates fracos e à figura, por vezes em situação privilegiada, de jogadores como Corona, André André ou Óliver.

A boa notícia é que os remates de meia distância podem e devem ser treinados. Obviamente que André André nunca chegará ao nível de Guarín ou Corona de Hulk, mas certamente que com trabalho árduo conseguiriam outro tipo de aproveitamento. Depois entra a parte táctica e profundidade do plantel que têm de ser exploradas pelo treinador. Em jogos contra os chamados autocarros, Nuno tem de arranjar maneira de colocar jogadores como Layún e Sérgio Oliveira - que aparentam ser os melhores rematadores deste FC Porto - em zonas onde possam rematar de longe mas em condições de conseguir marcar golo. E o que não faltam por aí são exemplos de jogos ganhos com um remate a 30 metros da baliza.

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