domingo, 30 de outubro de 2016

Compromisso, cooperação e comunicação não chegam


Nuno Espírito Santo aproveitou o melhor momento da época, uma série de quatro vitórias consecutivas, para explicar quais são as bases de um jogador à Porto. Tudo muito bonito, tudo muito certo, mas faltava ali uma outra palavra começada por "C": consistência. O FC Porto tem uma equipa que, talvez por força de inexperiência de alguns elementos, tanto joga muito bem como depois - e nem é preciso serem jogos diferentes! - joga mal.

Dito isto, o que fazer para forçar os jogadores a darem mais mesmo quando estes acham que não podem? Talvez a resposta seja simples: não lhes garantir a titularidade de forma incondicional. Falo em especial do sector do meio-campo, onde no meio de tantas opções somos obrigados a ver um jogador em sub-rendimento desde que chegou ao clube (Herrera) e outro que, por ventura fruto da pré-época deficiente, tem oscilado na qualidade exibicional (Óliver) como titulares indiscutíveis. E aqui é que entra outra palavra começada por "C" para juntar às e que ajudam a definir aquilo que se quer não num jogador mas num treinador à Porto: coragem.

É preciso coragem para deixar de fora Óliver quando este está mal; é preciso coragem para encostar Herrera mesmo que ele seja uma aposta da SAD e que custou uma quantidade astronómica de dinheiro; é preciso coragem para dar oportunidades a jogadores que quanto entram estão dispostos a tudo para ajudar a equipa - por exemplo Sérgio Oliveira; mas, mais importante que qualquer uma das anteriores, é preciso coragem nas escolha do onze jogo após jogo, porque o que vimos ontem em Setúbal foi uma equipa que só jogava pelo flanco esquerdo, cabendo as pouquíssimas iniciativas pela direita a Layún. Nuno tem de ter a audácia de colocar Corona ou Brahimi ao mesmo tempo que Otávio em jogos que se adivinham difíceis pela tendência defensiva que os adversários demonstram.

O actual treinador do FC Porto diz que mais importante do que a táctica é essa tal visão dos três "C", mas eu discordo em absoluto. O papel dele como treinador tem de ser preparar a equipa tanto física, como táctica, como mentalmente. Se só importasse a parte mental bastava contratar um motivador qualquer para passar aos jogadores aquelas frases inspiradoras cheias de tretas. O FC Porto precisa - e muito! - de um treinador desde que Pinto da Costa teve a infeliz ideia de deixar sair Vítor Pereira.

Costuma-se dizer que uma equipa se constrói de trás para a frente e Nuno já consegui montar uma defesa extremamente fiável. Casillas tem neste momento um verdadeiro muro à frente composto por Layún, Alex Telles, Felipe, Marcano e Danilo. André Silva e Diogo Jota, apesar da juventude de ambos, têm mostrado bom entendimento e não será por um jogo a zero que devem ser preteridos, enquanto que Otávio além da enorme capacidade individual tem mostrado uma disponibilidade enorme para ajudar a equipa no momento defensivo. No fundo só falta Óliver encontrar a melhor forma e Nuno encontrar uma melhor opção para a posição de médio-interior direito.

As opções são muitas, não existe motivo nenhum para que não se considerem outros jogadores para a titularidade. Não é uma questão de rotatividade aleatória, é uma questão de necessidade. E não será certamente por trocar um ou dois jogadores no onze que o trabalho desenvolvido até à data se perderá, porque os restantes nove ou 10 têm mostrado um nível aceitável de forma muito mais consistente.

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