sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

Um Clássico tão importante para eles como para nós


O Clássico do próximo Domingo pode revelar-se fundamental para definir que equipas lutarão pelo campeonato. O FC Porto não entra em campo no Estádio da Luz mas pode beneficiar directamente do resultado que sair do Benfica vs. Sporting - tudo o que não seja uma vitória encarnada é positivo para os Dragões.

E a importância do derby lisboeta é tal que desde a derrota dos Leões frente ao Légia começou uma campanha de fragilização de Jorge Jesus (principalmente) e Bruno de Carvalho (em menor escala). Toda a gente sabe que o Benfica tem uma forte influência junto de muitos meios de comunicação social, sendo estes que agora tentam sobrevalorizar a eliminação do Sporting das provas europeias da mesma forma que na semana anterior ao FC Porto - Benfica foram preparando o universo benfiquista para a derrota que só por milagre não chegou.

A verdade é que os números de Jorge Jesus e Rui Vitória são muito semelhantes no que à Liga Portuguesa dizem respeito e o Sporting "só" precisa de vencer o Clássico para subir à liderança. Caso isso aconteça, o Benfica acumula a terceira derrota consecutiva e perde o primeiro lugar pouco tempo depois de ter uma vantagem considerável para o segundo classificado.

Olhando a estes factos, torna-se óbvio que tanto alarido em relação ao fracasso leonino na Liga dos Campeões serve apenas como distracção para o mau momento do Benfica e para desestabilizar o Sporting para um jogo importantíssimo não só para os dois rivais da capital mas também para o FC Porto.

Dos Dragões espera-se uma exibição forte e um vitória inequívoca para poder beneficiar do resultado entre os dois candidatos ao título da segunda circular, sabendo de antemão que basta o Benfica não sair vencedor para que o FC Porto volte a depender apenas de si próprio para por fim a um jejum de três épocas. E essa possibilidade, como se tem visto, assusta muita gente...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

As equipas constroem-se de trás para a frente


Quem nunca ouvi alguém afirmar que as grandes equipas de futebol devem ser construídas de trás para a frente, ou seja, da defesa para o ataque? É uma daquelas frases feitas e, muito provavelmente, a primeira que me lembro ouvir quando começava a minha vida como adepto do desporto rei. E parece que é neste principio que assenta o Porto de Nuno Espírito Santo (NES).

Acusado por muitos de ser um treinador com mentalidade de equipa pequena, o actual treinador dos Dragões tem desenvolvido uma equipa segura na defesa (apenas um golo sofrido nos últimos dez jogos) mas cada vez mais virada para o ataque. E não digo isto por causa desta vitória por 5-0 contra o campeão inglês, como podem comprovar aqui, aqui e aqui, mas sim porque é a realidade. O FC Porto pratica um futebol ofensivo e bastante objectivo que merece ser acompanhado por uma pontaria melhor, como foi o caso desta recepção ao Leicester. Dizer, como eu ouvi ontem e no passado Sábado, que "assim sim, é jogar à Porto", é ignorar por completo jogos onde a bola não entrou mas que as oportunidades se foram contando a um ritmo alucinante e onde todos os jogadores lutaram até ao último segundo pelo tão desejado golo. O jogar à Porto não pode estar dependente de a bola entrar ou não, porque assim o risco de crucificar bons treinadores e bons jogadores porque atravessa uma fase mais complicada aumenta de forma significativa.

Não há como o negar: ter uma boa defesa é importante, mas o passado recente diz-nos que em Portugal é preciso saber bater em mortos para vencer o campeonato. Era precisamente neste capítulo que o Porto de NES tem sentido mais dificuldades que, por sua vez, são elevadas pelo pouco aproveitamento na hora de rematar à baliza. O facto de o treinador do FC Porto não ter abdicado de um modelo que trouxe exibições muito positivas à equipa apesar de a bola teimar em não entrar pode ser determinante para o desfecho deste campeonato.

E é aqui que entram as opiniões dos experts: o FC Porto não arrisca tanto como devia. O defeito mais apontado à forma como os Azuis e Brancos jogam, segundo eles, reside no facto de Óliver construir o jogo muito atrás e, ainda segundo eles, ninguém assumir o jogo entre os habituais dois blocos de quatro ou cinco homens que o adversário coloca estacionado em frente à própria grande-área. A isto acrescentam que mesmo Danilo, Felipe e Marcano deveriam arriscar mais na saída de bola. Mas está tudo louco? Quantas equipas no mundo se dão ao luxo deixar apenas dois jogadores de campo mais recuados e colocar os outros oito em zonas mais avançadas?

E neste jogo com o Leicester ficou bem vincada a intenção de Nuno: o espaço nas costas dos dois avançados da equipa não é de ninguém mas é para ser explorado por todos, com prioridade para os extremos. Tendo os nomes do onze titular de ontem como exemplo, Brahimi e Corona têm como missão abandonar o respectivo flanco quando a jogada começa no lado oposto e procurar jogar entre as linhas adversárias. Com isto o flanco fica livre para ser explorado pelo lateral e por um dos avançados, preferencialmente Diogo Jota. Com isto a equipa ganha presença no centro do terreno mas sem nunca perder uma referência mais recuada com capacidade para fazer chegar a bola com qualidade onde for preciso (Óliver), sem nunca perder largura e sem nunca perder segurança defensiva (Danilo Felipe e Marcano, auxiliados rapidamente pelos laterais e por Óliver, vão chegando para suprimir a grande maioria dos ataques adversários). Quando o FC Porto é forçado a recuar são os próprios avançados, de forma aleatória, a assumir a responsabilidade de unir os sectores e impedir que os oponentes troquem a bola em terrenos recuados de forma tranquila.

Rigor na defesa e (aparente) anarquia no ataque, é esta a definição perfeita para o futebol que NES procura para esta equipa. Este estilo de jogo é difícil de afinar, mas a verdade é que a cada jogo que passa temos visto um FC Porto cada vez mais identificado com os processos descritos no parágrafo anterior. Se o trauma da falta de golos já estiver ultrapassado e se as arbitragens deixarem de influenciar resultados, é provável que 2016/2017 seja uma época histórica para os Dragões.

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A arbitragem de Xistra no FC Porto - SC Braga


Admito que quando recebi a informação que seria Carlos Xistra a dirigir o jogo entre o FC Porto e o SC Braga a expressão "mais do mesmo" me passou pela cabeça. E os primeiro minutos pareciam querer dar-me razão, tal foram a quantidade de faltas que foram assinaladas desnecessariamente, ignorando a lei da vantagem, ou as preciosidades como obrigar um jogador que quer marcar uma falta de forma rápida a repetir o gesto mas com a bola 30 centímetros atrás. Mas já toda a gente sabe que o covilhanense gosta de aparecer e uma jornada destas não podia ser excepção.

Com o passar do tempo fui mudando de opinião e já perto do minuto 90 pensei : "se o tempo de compensação for aceitável ou o Braga acabar com o Rui Fonte à baliza tenho de escrever no blog que o Porto pela primeira vez na presente temporada acaba um jogo sem vencer e, ao mesmo tempo, sem queixas da arbitragem." E era essa a  minha opinião ainda sem acesso a qualquer repetição dos golos anulados, em especial ao Diogo Jota que me levantou muitas dúvidas. Pouco tempo depois aparece a placa com o tempo de descontos: sete minutos. E assim, de um momento para o outro, o FC Porto vê um árbitro conceder-lhe no mesmo jogo um penálti e um período de compensação condizente com o anti-jogo do adversário.

A conclusão disto só pode ser uma: tal só foi possível porque o FC Porto se queixou e, após tanto ruído, tornou-se inviável para quem apita prejudicar os Dragões de forma tão descarado como vinha a ser feito até ali. Espero que a lição tenha sido aprendida pela estrutura azul e branca e que no futuro eventuais prejuízos sejam denunciados de forma pronta e independentemente do resultado. Porque para se queixar quando não vence já existe o Rui Vitória. E ainda por cima de barriga cheia.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Quem apenas procura defeitos só pode encontrar defeitos


Cinco empates, quatro deles 0-0, podem tolher as ideias a muita gente. Por isso mesmo não me espanta o que fui lendo nas últimas semanas um pouco por toda a Bluegosfera. Muito menos em alguns espaços que não têm feito outra coisa que não seja ridicularizar o Nuno desde o dia em que foi apresentado. Seja porque comunica de forma diferente, seja porque se preocupa com a parte defensiva da estratégia da equipa, ou porque uma vez se esqueceu de puxar o autoclismo no fim de fazer o serviço. Tudo neste FC Porto é esmiuçado na busca de um problema, de um defeito, e, obviamente, quando assim é não é possível encontrar virtudes em lado nenhum.

E o FC Porto de Nuno Espírito Santo (NES) tem muitos méritos. Falar na defesa já é inútil porque já todos perceberam que está ali um verdadeiro muro. Além disso esta equipa tem paixão, tem vontade de fazer mais e melhor. Tem qualidade individual colocada ao serviço do colectivo. Tem jogadores experientes, tem juventude, tem simplicidade de processos alternada com rasgos individuais. Este plantel tem muito Porto. Não podemos deixar que os (esperemos que passageiros) problemas na finalização nos façam esquecer tudo isto.

Nos últimos seis jogos os comandados de NES marcaram apenas dois golos, mas não é menos verdade que qualquer um dos adversários foi completamente massacrado durante largos minutos de jogo. Da próxima vez que ouvir alguém dizer que o FC Porto vive das individualidades pegue no telemóvel e desafie o autor de tal afirmação a ver o resumo do FC Porto - Benfica. Ou do Copenhaga - FC Porto. Ou do FC Porto - Braga. Em poucos minutos o mito cairá.

Nuno é o melhor treinador do mundo? Não, não é. O FC Porto é uma equipa perfeita? Longe disso. Mas é uma equipa jovem e em clara evolução, cheia de ambição e atitude, que merece ser apoiada. O Rui Pedro não salvou o treinador, ajudou uma equipa que muito tempo antes do camisola 59 ter entrado já merecia estar a vencer por vários golos de vantagem. NES teve a coragem de confiar num miúdo de 18 anos para fazer o que ninguém conseguia há quatro jogos - meter a bola na baliza -, mas mesmo assim ainda conseguiram gozá-lo criticá-lo por isso. Por vezes pergunto-me se o FC Porto precisa mesmo de inimigos...

P.S.: Chupa, Marafona.