sábado, 5 de novembro de 2016

Antevisão FC Porto vs. Benfica - Olá ou adeus


Seja por erros próprios ou de terceiro, o FC Porto chega ao Clássico de amanhã em maus lençóis. A diferença actual para o líder, cinco pontos, não deixam margem para outro resultado que não seja a vitória. Eu sei disso, os jogadores sabem disso, a comunicação social sabe disso, a SAD sabe disso, o Benfica está farto de saber isso e Nuno Espírito Santo (NES) também sabe disso. Assim sendo,só há uma solução: ser grande. O FC Porto não pode entrar em campo a ver o que quem está do outro lado faz. E quando chegar à vantagem (repare que escolhi "quando" e não "se") é imperial que a equipa não se encolha como fez em Alvalade - sim, estou a olhar para ti, Nuno.

Dito isto, é importante que o onze escolhido seja virado precisamente para esse objectivo. Não adianta colocar um médio-centro com qualidades técnicas duvidosas a fazer de falso ala como tem acontecido de alguns jogos a esta parte. Os Dragões têm de aproveitar os três corredores do campo e não apenas o central e o esquerdo. Cabe a NES garantir a titularidade a uma equipa capaz de o fazer e até elaborei alguns cenários onde o isso seria um cenário mais realista do que o actual. Corona no lugar de Herrera seria uma boa maneira de passar a mensagem aos adeptos e ao adversário que o FC Porto quer e vai jogar para ganhar.

Quanto ao adversário, duas notas: caso se verifiquem as ausências de Fejsa e Grimaldo serão uma equipa um pouco mais fraca do que o habitual. Não digo que será um adversário acessível ou fraco, mas sim um bocadinho mais suave do que habitual. Eliseu não é Grimaldo, Samaris não é Fejsa e André Almeida, certamente, não é nem Fejsa nem Grimaldo. As Águias perdem bastante com essas duas ausências e o FC Porto tem de capitalizar essa (eventual) pequena vantagem. Em especial a do sérvio que tem um enorme impacto em toda a manobra do Benfica e onde a ausência do mesmo foi bem notória nos últimos 25 minutos do passado Benfica - Dínamo de Kiev. Não tenho qualquer dúvida que se houvesse a mínima hipótese de Fejsa jogar, jogaria e que não é de todo descabido pensar que serão dois elementos, no caso André Almeida e Samaris, a jogar no meio-campo encarnado de forma a suprimir essa ausência de peso.

Mais do que nunca é fundamental ter um FC Porto personalizado, corajoso e sem medo de assumir o jogo. A possibilidade de ficar a oito pontos da liderança não pode entrar no pensamento da equipa portista, o único cenário possível é assumir este jogo como uma oportunidade rara de encurtar a distância para o Benfica para apenas dois. Qualquer outro cenário será desastroso para o FC Porto e o principio do fim como treinador da equipa azul e branca para Nuno.

Ponha-se no lugar de treinador do FC Porto e deixe um comentário com o onze que escolheria para entrar em campo amanhã.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Alternativas a Herrera


O meio-campo do FC Porto tem um problema, não há como o negar. E, embora a tentação seja enorme, não digo que esse problema se chame Herrera. Prefiro dizer que o internacional mexicano não se enquadrou bem no sistema de jogo. Nem na equipa. Há quatro épocas contando já com esta. O que é certo é que, por muito que se esforce - e acredito que o faça -, as coisas teimam em não lhe correrem bem. Face a esta situação decidi reflectir que alternativas restam a Nuno, sempre dentro do 4-4-2, para substituir Herrera no onze.

O regresso à origem


Foi este o primeiro meio-campo a quatro que Nuno escolheu. Nesse jogo, no Dragão frente ao Vitória de Guimarães, o FC Porto venceu e André André foi considerado o melhor jogador em campo. Acabou por perder o lugar porque, na opinião de muitos portistas, não fazia nada mal mas também não se destacava em nenhuma vertente. Se foi essa a justificação do treinador para lhe retirar a titularidade torna-se difícil justificar porque a mantém Herrera.

O homem da casa


Dado como dispensado por muitos, foi com enorme surpresa que o universo portista viu Sérgio Oliveira ser apresentado e logo como a camisola 3. Pouco tempo depois, acabadinho de regressar dos Jogos Olímpicos, foi opção para o jogo da segunda mão do playoff de acesso à Champions frente à Roma. Com o FC Porto a jogar na táctica com que a Selecção Sub-21 de Portugal atingiu a final do Campeonato da Europa da categoria, Nuno ganha em Sérgio um jogador capaz de desempenhar qualquer um dos quatro lugares do meio-campo.

O renascer de Rúben


Actualmente na terceira época na equipa principal dos Dragões, Rúben Neves tarda em afirmar-se, apesar de uma primeira temporada prometedora. Ter primeiro Casemiro e depois Danilo como principais concorrentes pelo lugar não ajudou, mas o jovem internacional português tem vindo a mostrar recentemente que merece ser considerado nas contas pela titularidade. Habituado à posição 6 e com uma visão de jogo e qualidade de passe bem superior à média, Rúben seria um companheiro de luxo para Danilo nas tarefas defensivas o que, automaticamente, daria um pouco mais de liberdade a Otávio e Óliver para apoiar o ataque.

Irreverência


O que se tem passado nos últimos jogos do FC Porto é tão fácil de explicar e de perceber que chega a ser desesperante constatar que o treinador ou não vê ou simplesmente não quer ver. Otávio, jogando melhor ou pior, lá consegue cumprir os mínimos para a posição de médio-interior, uma função híbrida entre o médio-centro e o extremo. Do outro lado Herrera está longe de o fazer. O resultado é simples: a equipa tem tendência a pender para o lado esquerdo, onde aparece também preferencialmente Diogo Jota, deixando Layún abandonado na direita e com a responsabilidade de dar sozinho largura e profundidade a esse flanco. Sabendo de antemão que a maioria dos adversário jogará fechada, especialmente no Dragão, Nuno não pode ter medo de jogar com Corona ou Brahimi em simultâneo com Otávio.

A escolha lógica


Maxi foi o primeiro lateral-direito de Nuno Espírito Santo como técnico dos Dragões, mas uma lesão de alguma gravidade atirou Layún para a titularidade. Desde então que o internacional pelo México se tem exibido em grande nível, justificando por completo a permanência no onze, ao mesmo tempo que o uruguaio vai mostrando serviço sempre que é chamado. A solução está à vista e até já foi testada por Nuno tanto na pré-época como ainda neste último jogo frente ao Brugge: Layún como médio.

Estas são apenas algumas opções válidas para o sector mais problemático da equipa. Cabe a Nuno escolher a melhor, porque a este ritmo tornar-se-á impossível manter Herrera como titular.

quarta-feira, 2 de novembro de 2016

Análise ao FC Porto - Club Brugge (1-0)


Quem viu a primeira parte não previa que o Club Brugge fosse forçar o FC Porto a fazer um quarto de hora final onde se limitava a defender e perder tempo. Não é que os primeiros 45 minutos tivessem sido brilhantes, mas o domínio portista foi notório e o 1-0 verificado nesse período merecido. Na segunda metade a história foi diferente: Nuno voltou a fazer a equipa recuar por opção e foi deixando isso bem claro substituição após substituição. Mesmo assim, jogando em contra-ataque, o FC Porto teve várias oportunidades para matar o jogo e evitar aquela tremedeira final. Algumas notas:

(+) Danilo. Já não existem grandes palavras para descrever as exibições que vai assinando. Uma perda de bola desnecessária quase dava oportunidade ao Brugge de marcar mas não é o suficiente para manchar uma exibição extremamente positiva. Está uma autêntica máquina e, a continuar assim, pode ser forçado a instalar um "pirilampo" para poder trabalhar.

(+) Alex Telles. Intransponível na defesa, incansável no apoio ao ataque. Não fosse a exibição fabulosa de Danilo e seria o melhor em campo.

(+) O trio Felipe-Marcano-Danilo. Sei que já destaquei individualmente o internacional português, mas esta pequena sociedade merece também uma palavra. Fortes e destemidos a atacar a bola quando em posse do adversário são um autêntico muro à frente de Casillas. Uma espécie de Triângulo das Bermudas futebolístico, diria Freitas Lobo.

(+) Óliver e André Silva. O primeiro voltou às boas exibições, o segundo aos golos - ainda que com um bocado de sorte à mistura. Tirando isso, incansáveis como sempre, tanto a atacar como a defender.

(-) Herrera. Começa a ser um mistério perceber quais os motivos para merecer oportunidade atrás de oportunidade. Mais um jogo em que mais valia ter ficado em casa, tal foi a quantidade de passes mal medidos e de bolas perdidas de forma infantil, sendo que uma delas até lhe valeu o cartão amarelos logo aos três minutos de jogo.

(-) A gestão da vantagem. Sem que o Club Brugge apresentasse um futebol que o obrigasse, o FC Porto recuou. Assim sendo só há uma explicação: foi uma opção do treinador portista. Essa decisão aliada ao desacerto na finalização podiam ter ditado nova perda de pontos e colocado o apuramento para a fase seguinte da Liga do Campeões em causa. É importante que Nuno perceba rapidamente uma forma de gerir os resultados sem abdicar da iniciativa atacante e da posse de bola porque, acho que é demasiado óbvio, a equipa não se sente muito confortável a defender em bloco baixo.

Era importante vencer e o objectivo foi cumprido em serviços mínimos. Segue-se agora o Clássico frente ao Benfica e o cenário é o mesmo: a vitória reacende a luta pelo primeiro lugar, o empate deixa tudo em banho-maria e a derrota atira o FC Porto para bem longe da liderança.

terça-feira, 1 de novembro de 2016

Os rostos da revolta


Uma das coisas que me faz sentir esperança no futuro próximo do FC Porto é esta equipa. Não pelo futebol brilhante que (ainda não) pratica, mas pela vontade notória que estes jogadores - alguns de qualidade inegável e com um futuro brilhante pela frente - demonstram em fazer mais e melhor. Digo isto porque há já muito tempo que não via os jogadores portistas, juntamente com o quem estava no banco de suplentes, tirarem satisfações ao árbitro. E em Setúbal aconteceu por duas vezes: a acabar a primeira parte e no final do jogo. Não é que isso tivesse qualquer resultado prático, mas pelo menos demonstram alguma revolta e não a apatia que reinava num passado não muito distante. "Quem tem alma não tem calma", escreveu sabiamente Fernando Pessoa, e quem dá tudo como os jogadores portistas deram, independentemente do maior ou menor acerto, não pode ficar indiferente à forma como o árbitro João Pinheiro foi facilitando a vida ao Vitória de Setúbal.


"O FC Porto, em nove jogos, foi prejudicado em oito penáltis. São penáltis a mais para uma equipa só. Parece que os árbitros, quando vão apitar os nossos jogos, já estão condicionados a não marcar a nosso favor. Começa a ser um problema complicado. Os jogadores sentem que as decisões não têm sido corretas e os nossos associados também. Não estamos a ser tratados como deve ser e é hora de dizer chega!", quem o diz é Luís Gonçalves, director geral da SAD portista, em entrevista ao Jornal de Notícias. É curioso que o último a chegar ao clube seja o primeiro a sair em defesa do mesmo, mas é de salutar que haja agora alguém na administração com coragem para o fazer.

Espero que a entrega da equipa continue e que Luís Gonçalves não deixe de colocar o dedo na ferida sempre que seja preciso. Não deve haver nenhum portista que não concorde quando se diz que "é hora de dizer chega!", até porque essa hora já tinha chegado há muito... Ficava bem a Pinto da Costa juntar-se agora à voz da revolta mas, muito provavelmente, teremos de esperar por eventuais bons resultados nos jogos de amanhã e Domingo para que aquele que devia ser o primeiro a falar o faça.

FC Porto no Football Manager 2017

Com o jogo ainda em fase de desenvolvimento (versão beta) e lançamento oficial marcado para o próximo dia 4 de Novembro, deixo aqui aos mais curiosos e/ou eventuais interessados em adquirir o Football Manager 2017 os screenshots individuais aos jogadores que compõe o plantel do FC Porto:

domingo, 30 de outubro de 2016

Compromisso, cooperação e comunicação não chegam


Nuno Espírito Santo aproveitou o melhor momento da época, uma série de quatro vitórias consecutivas, para explicar quais são as bases de um jogador à Porto. Tudo muito bonito, tudo muito certo, mas faltava ali uma outra palavra começada por "C": consistência. O FC Porto tem uma equipa que, talvez por força de inexperiência de alguns elementos, tanto joga muito bem como depois - e nem é preciso serem jogos diferentes! - joga mal.

Dito isto, o que fazer para forçar os jogadores a darem mais mesmo quando estes acham que não podem? Talvez a resposta seja simples: não lhes garantir a titularidade de forma incondicional. Falo em especial do sector do meio-campo, onde no meio de tantas opções somos obrigados a ver um jogador em sub-rendimento desde que chegou ao clube (Herrera) e outro que, por ventura fruto da pré-época deficiente, tem oscilado na qualidade exibicional (Óliver) como titulares indiscutíveis. E aqui é que entra outra palavra começada por "C" para juntar às e que ajudam a definir aquilo que se quer não num jogador mas num treinador à Porto: coragem.

É preciso coragem para deixar de fora Óliver quando este está mal; é preciso coragem para encostar Herrera mesmo que ele seja uma aposta da SAD e que custou uma quantidade astronómica de dinheiro; é preciso coragem para dar oportunidades a jogadores que quanto entram estão dispostos a tudo para ajudar a equipa - por exemplo Sérgio Oliveira; mas, mais importante que qualquer uma das anteriores, é preciso coragem nas escolha do onze jogo após jogo, porque o que vimos ontem em Setúbal foi uma equipa que só jogava pelo flanco esquerdo, cabendo as pouquíssimas iniciativas pela direita a Layún. Nuno tem de ter a audácia de colocar Corona ou Brahimi ao mesmo tempo que Otávio em jogos que se adivinham difíceis pela tendência defensiva que os adversários demonstram.

O actual treinador do FC Porto diz que mais importante do que a táctica é essa tal visão dos três "C", mas eu discordo em absoluto. O papel dele como treinador tem de ser preparar a equipa tanto física, como táctica, como mentalmente. Se só importasse a parte mental bastava contratar um motivador qualquer para passar aos jogadores aquelas frases inspiradoras cheias de tretas. O FC Porto precisa - e muito! - de um treinador desde que Pinto da Costa teve a infeliz ideia de deixar sair Vítor Pereira.

Costuma-se dizer que uma equipa se constrói de trás para a frente e Nuno já consegui montar uma defesa extremamente fiável. Casillas tem neste momento um verdadeiro muro à frente composto por Layún, Alex Telles, Felipe, Marcano e Danilo. André Silva e Diogo Jota, apesar da juventude de ambos, têm mostrado bom entendimento e não será por um jogo a zero que devem ser preteridos, enquanto que Otávio além da enorme capacidade individual tem mostrado uma disponibilidade enorme para ajudar a equipa no momento defensivo. No fundo só falta Óliver encontrar a melhor forma e Nuno encontrar uma melhor opção para a posição de médio-interior direito.

As opções são muitas, não existe motivo nenhum para que não se considerem outros jogadores para a titularidade. Não é uma questão de rotatividade aleatória, é uma questão de necessidade. E não será certamente por trocar um ou dois jogadores no onze que o trabalho desenvolvido até à data se perderá, porque os restantes nove ou 10 têm mostrado um nível aceitável de forma muito mais consistente.